quarta-feira, 22 de abril de 2009

Quem dera fosse apenas um sonho

E é pela primeira vez neste blog que postarei algo que não é poético, se bem que Mel sempre me diz que até falando de política utlizo linguagem metafórica, poética. Eu, que penso ser metade poética, tenho lá minhas dúvidas se não sou inteira.
Bem, vamos direto ao que interessa... Era 22h quando estava cá da janela do meu quarto avistando o que se há por fora (eu adoro ver o pôr-do-sol daqui, é afavelado!), e lá há casas, muitas casas dessas que os blocos são vísiveis, há principalmente casas de brinquedos, dessas que se desmontam com a chuva, havia também algumas crianças que brincavam de ser saci-pererê (e os seus cachimbos eram de verdade!), eu senti cá de dentro - naõ refiro-me à minha residência, mas a parte esquerda do cérebro, o coração, porque de fora dessa realidade eu não estou - uma indignação: Como uma mãe (nação) e um pai (Estado) pode fechar os olhos para suas crias, ao ponto de torna-las invisiveis, segregadas, marginalizadas?
Fiquei refletindo, analisei várias coisas: neoliberalismo, burguesia, trabalhadores/as (empregados/as e desempregados/as) ... e acabei dormindo. Mas não para por aqui... eu sonhei, e sonhei com a burguesia. Sem mais enrolações (risos), descreverei o sonho. Eu tinha acompanhado minha mãe à uma festa de uma das suas clientes (Minha mãe é cabeleleira de um dos centro de estética mais luxuosos de Salvador), lá eu comecei a fazer algumas observações e cheguei à algumas conclusões: a burguesia constroe suas casas para dentro, para que evitem ao máximo o contato com o mundo violento e precário, resultado das reflexões das suas políticas neoliberais, da globalização e do próprio sistema capitalista; a sala de estar é o ambiente para receber e encontrar visitas, amizades, paqueras... é a área social das/os burguesas/es para que evitem de utilizar espaços públicos como bibliotecas, cines, dentre outros; existem ambiente para adultos, crianças, idosos/as... tudo tem seu lugar, tudo é segregação; para tudo a burguesia cria um ambiente segregatório: azilos para idosos/as; becos para homoafetivos/as e simpatizantes, periférias, favelas e cortiços para pobres, e assim por diante.
A burguesia, o neoliberalismo nada se preocupa com a questão social (resultante dos conflitos de relação entre capital x trabalho) e suas múltiplas expressões (desemprego; violência; fome; a questão da mulher, da juventude, do idoso/a; e etc), ela está em conforto e seguranças em suas casas, condomínios luxuosos (tem "shopping", parques, praias, escolas... o mundo em um só lugar!), carros blindados e bolso cheio.
Já tivemos muros de concreto na era feudal, hoje, as sociedades têm muralhas invísiveis, muralhas que vi em meus sonhos.

Bu... o sonho acabou! Mas foi tão real!

4 comentários:

L.Gris disse...

Obs.: Dedico aos caramadas Alex, Leopardo e Luz (apesar de não conhecê-la pessoalmente), pelo incentivo e coragem (as vezes indireto) que estão me dando de postar meus escritos. Ah, vcs não sabiam disso! rs.

Anônimo disse...

Ah, eu num sabia :)) mas jah que agora eu sei, vou começar a dar incentivo direto tbm: escreve, escreve, escreve mais... rsrs... porque eu gostei muito!

E obrigada pelo seu incentivo tbm...

:DDDDDDDD

Reinaldo Sousa disse...

Oh Coração...

Quem dera fosse apenas um sonho mesmo. Mas, não é. E no bu, só quem acorda são poucos. E esses poucos estão corrompidos pelo pai (estado), esse sim, sabe como criar seus rebentos e sabe diferencia-los.

O sonho minha linda, nunca acaba, e é sempre real.

Bjão.

Ps.: Adorei o texto. Perfeito!

Devaneios baratos.. disse...

Tá muito massa o texto!!
Antigamente eu ficava pasma com a insensibilidade dos endinheirados em relação às desigualdades sociais tão latentes e assustadoras, mas depois eu comecei a reparar que eles fingem que nada acontece, se trancam em seu mundo de luxo, carros e condomínios "com tudo dentro" e tá tudo certo!!
Percebi isso qd peguei uma carona com um colega da faculdade que nem sabia onde era a estação iguatemi, ele disse que nunca tinha pego um ônibus. Chegando na estação fiquei quase uma hora esperando o ônibus, vi criança pedindo dinheiro, uma mulher na cadeira de rodas sem uma perna tb pedindo dinheiro, entre tantos outros horrores que a gente vê diariamente, e pensando como é que ele pode ir embora no ar condicionado do carro sem pensar nesses seres humanos.