quarta-feira, 29 de abril de 2009

À Ela

Eu não deixarei que morra em mim a vontade de amar teus olhos que são doces. Porque nada poderei te dar senão a segurança e certeza do meu amor. Desculpa pela mágoa de me veres ausente e exausta, de ser desatenta, acomodada, fria, ás vezes. No entanto sua presença é qualquer coisa como a lua e a vida.
E eu sinto que em meu coração existe teu coração, em minha voa a tua voz... enfim minh' alma na tu' alma.
Eu não deixarei de acreditar nos raios, nas flores, nas cores, no amor. Nem tão pouco deixarei de te amar, embora que para isso não necesseriamente precisamos estar juntas.
Também não deixarei de ser romântica, e as cartas, flores, e surpresas chegarão para ti de possíveis lugares.

P.S: Eu te amo;*
" [...] E jamais haverá substitutas, quaisquers putas que me ame como teu falso amor [...]"

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Quem dera fosse apenas um sonho

E é pela primeira vez neste blog que postarei algo que não é poético, se bem que Mel sempre me diz que até falando de política utlizo linguagem metafórica, poética. Eu, que penso ser metade poética, tenho lá minhas dúvidas se não sou inteira.
Bem, vamos direto ao que interessa... Era 22h quando estava cá da janela do meu quarto avistando o que se há por fora (eu adoro ver o pôr-do-sol daqui, é afavelado!), e lá há casas, muitas casas dessas que os blocos são vísiveis, há principalmente casas de brinquedos, dessas que se desmontam com a chuva, havia também algumas crianças que brincavam de ser saci-pererê (e os seus cachimbos eram de verdade!), eu senti cá de dentro - naõ refiro-me à minha residência, mas a parte esquerda do cérebro, o coração, porque de fora dessa realidade eu não estou - uma indignação: Como uma mãe (nação) e um pai (Estado) pode fechar os olhos para suas crias, ao ponto de torna-las invisiveis, segregadas, marginalizadas?
Fiquei refletindo, analisei várias coisas: neoliberalismo, burguesia, trabalhadores/as (empregados/as e desempregados/as) ... e acabei dormindo. Mas não para por aqui... eu sonhei, e sonhei com a burguesia. Sem mais enrolações (risos), descreverei o sonho. Eu tinha acompanhado minha mãe à uma festa de uma das suas clientes (Minha mãe é cabeleleira de um dos centro de estética mais luxuosos de Salvador), lá eu comecei a fazer algumas observações e cheguei à algumas conclusões: a burguesia constroe suas casas para dentro, para que evitem ao máximo o contato com o mundo violento e precário, resultado das reflexões das suas políticas neoliberais, da globalização e do próprio sistema capitalista; a sala de estar é o ambiente para receber e encontrar visitas, amizades, paqueras... é a área social das/os burguesas/es para que evitem de utilizar espaços públicos como bibliotecas, cines, dentre outros; existem ambiente para adultos, crianças, idosos/as... tudo tem seu lugar, tudo é segregação; para tudo a burguesia cria um ambiente segregatório: azilos para idosos/as; becos para homoafetivos/as e simpatizantes, periférias, favelas e cortiços para pobres, e assim por diante.
A burguesia, o neoliberalismo nada se preocupa com a questão social (resultante dos conflitos de relação entre capital x trabalho) e suas múltiplas expressões (desemprego; violência; fome; a questão da mulher, da juventude, do idoso/a; e etc), ela está em conforto e seguranças em suas casas, condomínios luxuosos (tem "shopping", parques, praias, escolas... o mundo em um só lugar!), carros blindados e bolso cheio.
Já tivemos muros de concreto na era feudal, hoje, as sociedades têm muralhas invísiveis, muralhas que vi em meus sonhos.

Bu... o sonho acabou! Mas foi tão real!

terça-feira, 14 de abril de 2009

A EXCOMUNHÃO DA VÍTIMA (Miguezim de Princesa)

Peço à musa do improviso
Que me dê inspiração,
Ciência e sabedoria,
Inteligência e razão,
Peço a Deus que me proteja
Para falar de uma igreja
Que comete aberração.
Pelas fogueiras que arderam
No tempo da Inquisição,
Pelas mulheres queimadas
Sem apelo ou compaixão,
Pensava que o Vaticano
Tinha mudado de plano,
Abolido a excomunhão.
Mas o bispo Dom José,
Um homem conservador,
Tratou com impiedade
A vítima de um estuprador,
Massacrada e abusada,
Sofrida e violentada,
Sem futuro e sem amor.
Depois que houve o estupro,
A menina engravidou.
Ela só tem nove anos,
A Justiça autorizou
Que a criança abortasse
Antes que a vida brotasse
Um fruto do desamor.
O aborto, já previsto
Na nossa legislação,
Teve o apoio declarado
Do ministro Temporão,
Que é médico bom e zeloso,
E mostrou ser corajoso
Ao enfrentar a questão.
Além de excomungar
O ministro Temporão,
Dom José excomungou
Da menina, sem razão,
A mãe, a vó e a tia
E se brincar puniria
Até a quarta geração.
É esquisito que a igreja,
Que tanto prega o perdão,
Resolva excomungar médicos
Que cumpriram sua missão
E num beco sem saída
Livraram uma pobre vida
Do fel da desilusão.
Mas o mundo está virado
E cheio de desatinos:
Missa virou presepada,
Tem dança até do pepino,
Padre que usa bermuda,
Deixando mulher buchuda
E bolindo com os meninos.
Milhões morrendo de Aids:
É grande a devastação,
Mas a igreja acha bom
Furunfar sem proteção
E o padre prega na missa
Que camisinha na lingüiça
É uma coisa do Cão.
E esta quem me contou
Foi Lima do Camarão:
Dom José excomungou
A equipe de plantão,
A família da menina
E o ministro Temporão,
Mas para o estuprador,
Que por certo perdoou,
O arcebispo reservou
A vaga de sacristão.