segunda-feira, 13 de junho de 2011

Hip-Hop: Movimento de Contra-Cultura Popular

Outro dia, numa roda de conversas entre conhecidos e desconhecidos, eis que surge uma questão “O hip-hop enquanto movimento de marketing do capitalismo”, o sujeito que levantou essa questão apresentou argumentos não muito convincentes, de modo que gerou uma polêmica no grupo. Eu só ouvi. Me espantei até, em não ter me manifestado, mas aquela afirmação ficou na minha mente, mesmo quando mudamos de papo...

Primeiramente precisamos reconhecer o Hip-Hop como um movimento de conscientização popular que visa à construção de uma sociedade diferente, onde haja a igualdade, liberdade e justiça social, luta-se contra a hegemonia e os padrões vigentes. Em outras palavras, o Hip-Hop é um movimento de contracultura popular, que nasce do povo, mais especificamente da favela, ou seja, tem uma característica contrária a todos os outros movimentos (Tropicália, Bossa Nova, Woodstock e etc.) que se originam a partir da iniciativa da burguesia intelectual.

De acordo com minhas experiências e vivências no movimento, penso que há duas tendências no hip-hop brasileiro (inclui-se com destaque o baiano): uma que tem uma forte atuação política, que tem uma consciência classista e étnica, que ataca ferozmente a burguesia, o racismo, a homofobia e outras formas de opressão; e outra que usa dos elementos da primeira para reproduzir e fortalecer as relações sociais capitalistas, ou seja, que por fazerem rap, grafite, break e ou andar de skate acham que estão contrariando os interesses da classe dominante, no entanto os fortalecem, e servem de vitrines ambulantes gratuitas que divulgam o Fido Dido, A Adidas, A Nike, A XXL e tantas outras.

Fortalecer a primeira tendência é uma tarefa de todos os militantes e simpatizantes do movimento, precisamos impedir que a segunda tendência se desenvolva, assim como que os integrantes da primeira sejam cooptados. Cooptação de lideranças é um processo que vem acontecendo no Brasil e se intensificando a partir do pós-ditadura, onde os movimentos sociais e sindicalistas estão sendo cooptados pelos partidos políticos, de modo que os interesses de um e de outro tem se tornado um só, mas não é! O maior objetivo do Estado é manter a ordem social (que atualmente é a capitalista), o nosso é de derrubar as muralhas, atacar a estrutura vigente!

Vamos abrir o nosso terceiro olho, e não permitir que partidos políticos, parlamentares e ou governos se infiltrem no movimento, se isso acontecer perderemos nosso caráter combativo e revolucionário, nos igualaremos aos movimentos atuais que fazem acordo, negociam direitos, enfraquecendo a luta popular. Não podemos perder de vista a nossa causa, nosso inimigo tem que ser nomeado e identificado, e ele se chama: capital! O combate ao capital significa o combate às contradições do sistema capitalista e aos seus reflexos (as desigualdades sociais, os preconceitos...). Sabemos que o nosso inimigo está bem representado nos espaços de poder, e é lá que tem que ser o nosso palco, lá que temos que atuar e jogar nossas bombas!

Vamos declarar a nossa guerra, vamos nos agregar uns aos outros e fortalecer o movimento Hip-Hop baiano, brasileiro e internacional. Para que juntos e juntas possamos combater ao imperialismo, as opressões de raça, gênero e classe... Abaixo ao inimigo! Abaixo ao capital!

Um salve a toda rapaziada do movimento hip-hop! Êah!

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